segunda-feira, 6 de julho de 2009

PRISÕES


No tempo em que se dizia do fado, futebol e fé (e da pátria e família) e o vinho dava de comer a não sei quantas famílias, decorava-se na escola, ao ritmo da palmatória, linhas de comboio, apeadeiros, rios e afluentes e até mesmo a tabuada, numa clara agressão ao direito à ignorância.

Libertos da violência da palmatória e do jugo do ter de decorar, contudo, constata-se que ainda nos nossos dias uma elite endinheirada, saudosista e decerto equivocada persiste em colocar os seus descendentes em escolas mais enviesadas do que paralelas, onde sofrem o mesmo tipo de agressões de outrora, causando decerto grande perplexidade aos tutores da liberdade do passar bem sem saber.

Essas crianças são mantidas reféns de escolas onde são obrigadas a aprender. São coercivamente estimuladas, tendo inclusive horários de estudo, sendo acompanhadas como que por carcereiros vigilantes.

Se são mais felizes uns do que outros, ou se serão mais felizes no futuro uns ou outros seria interessante poder contabilizar…mas a felicidade pertence mais ao domínio da imaginação do que dos números…

E se as carreiras profissionais e pessoais serão mais bem sucedidas num ou noutro caso, não saberemos responder sem grandes estudos multicêntricos, epidemiológicos, etc.

Do modelo de ensino “reprodutivo”, como de qualquer outro, haverá vantagens e desvantagens, mas se – como assisti – o professor pedir que se responda no teste o que NÃO foi dito na sala de aula (e imitar equivaler a zero valores), o pânico instala-se nas hostes estudantis – Não sabem o que “é” para dizer. Não se sabe o que pensar sem que antes tenha sido veiculado por terceiros…

Ora, se por absurdo, na vida “real”, se vierem algum dia a deparar com uma circunstância não resolvida previamente – como irão esses estudantes responder? Ou perguntam a alguém ou vão à Net!

De facto pode-se dizer que o Google substituiu o cão como melhor amigo do Homem.

Retire-se então a fé, a pátria, a família e o vinho: resta Fado, Futebol e Net (e não obrigatoriamente por esta ordem).

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