segunda-feira, 6 de julho de 2009

INTERTELÚRICO


Que falta fazia aqui um som de um suspiro!
Que pena o ponto de exclamação não ter a forma da lâmpada de Aladino com o mago e o fumo a serpentear entre as linhas e as letras…

Que surpresa todos os tons de verde que afinal havia e só descobri quando cheguei aos Açores;
Que pena o caminho ser uma linha;
A linha limita o caminho, a marcha, como limita a escrita, como a estrada limita o passeio do carro.
Que contrariedade nas tantas perdas sofridas a cada atalho que não se tomou;
Cada entroncamento em que se seguiu apenas por um só, em que se teve de optar por um só percurso, abdicando de todos os outros possíveis, ali, e só uma linha viável…
Um só plano, sem sobreposições, sem densidade, sem mais do que um segmento de recta de A a B.

E a mão, que não é tão ágil como o pensamento, e a tinta que não flui à velocidade das ideias e perdem-se…
Secam;
Escapam;
Evaporam;
São resgatadas por oblivion…
Onde será que desaguam?
Em que se transformarão?
Se todas as imagens ficam registadas algures através da visão, será que numa qualquer sessão de algum tipo de hipnose será possível reaver todas as ideias que afinal não se percorreram, não se passearam, não se escreveram, não se lhes viu a cor, a tonalidade, não se compuseram em filme, em registo, mesmo que icónico…

Que falta faz na sintaxe a sensação da percepção do som de um suspiro…

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